domingo, 5 de dezembro de 2010

Le sommeil, de Dharílya Sales

http://dharilya.deviantart.com/





















Lolitas em sua maioria são personagens fofos, adoráveis e costumam trajar roupas que remetem a períodos históricos, com base na época Vitoriana, no Rococó, e/ou a ícones da infância. Note um subtipo baseado nisso. O "kawaii" é subentendido, quase obscuro, diante do teor monocromático e nostálgico mostrado na modéstia e na onipresente elegância que todas elas têm.

Em lolitas nesse caso não noto seu real caráter. Estão no limiar do infantil com a imagem adulta, podendo um valor mascarar o outro em gestos, roupas e símbolos perceptíveis ao espectador ligeiro e bem claros para quem se preste a observá-los. Elas não têm preocupação, sua existência se explica, simplesmente, em se manifestar com seu estilo e inocência.

Estamos diante de uma ilustração. Desconsiderem a ocupação da obra no espaço branco e o que foi ilustrado, há motivos para estar assim, o foco aqui não é sua origem e sim seu fim.

Vê-se influências de Mark Ryden na composição geral, Naoko Takeuchi nas formas e Todd McFarlane na artefinal.

A lolita ser ela por ela mesma indica seu aspecto introspectivo e é utilizado um material rígido para fortalecer o grau de introspecção na construção da boneca. A nanquim não permite erros em sua completude, só a tinta branca o corrige, e sua maleabilidade só admite sombras por hachura, por exemplo.

A nanquim utilizada mostra a afinidade que a autora tem com o material de forma que todas as linhas são sóbrias, não há excedentes e vale-se delas para produzir volume no que seria superfície no seu vestido e cabelo. A gestalt da cidade maximiza o sentimento de perda/falta também demonstrada gestualmente ao agarrar o brinquedo, item essencial para a composição, atente ao seu semblante.

O vermelho contrasta com toda a obra, que mórbida como uma pessoa em sono profundo, resgata a vida da personagem, mas que escorre encarnado por seus olhos como uma paixão que lhe é levada.

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